quinta-feira, 19 de junho de 2014

O Café


O Café


Um café suíço e três mini pães de queijo. É sempre o meu pedido. Uma combinação perfeita.  A mistura de cheiros na cafeteria é algo que me intriga e me acorda.

Antes de entrar,  olho pela vitrine e as vejo sentadas entre tantos outros. Nunca sou a primeira a chegar.  Cumprimentamo-nos como se não nos víssemos há dias.  É no café que celebramos a vida, a amizade, o laço que nos une.

O café é um momento terapêutico. No café conversamos sobre sonhos, conquistas, amores, desamores, perdas, enganos.  Ouvimos, falamos, deliberamos, acordamos, aconselhamos. É  consenso entre nós: ou tomamos café ou pagamos terapeuta. Tomamos café. Muitos cafés.

É comum dividirmos, em meio a tanta gente desconhecida, em uma mesinha, as nossas maiores angústias,  muitos dos nossos segredos, as nossas alegrias. É como se estivéssemos em um campo neutro. Às vezes alguém é pego as gargalhadas, e então nos lembramos de que estamos ali.

Quem se aventura a sentar-se à mesa, em poucos minutos é capaz de contar, olhando em nossos olhos a sua maior aventura ou desventura.  Já ouvi relatos impressionantes.  Também falamos sobre negócios, trabalho, estudos, inclusive viagens em busca de pessoas com as quais nunca estivemos antes.

Foi neste lugar que comemorei muitas conquistas. No café brindei, em meados deste ano,  o início da realização de um dos meus projetos materiais mais antigos. Aproximamos nossas xícaras e foi emocionante ver a alegria do grupo.

Mesmo quando fico impedida de estar no café, sei que estão juntos e que se lembram de mim.  Orgulho-me de,  apesar da minha inexperiência e vontade de  viver em uma única vida o que deveria viver em duas, ou três,  me ouvirem e considerarem minhas colocações.

Às vezes, alguém necessita excepcionalmente de um café. Na semana passada solicitei um. O meu primeiro. Um mate gelado, pois foi no final da tarde.  Falei durante mais de uma hora. Sem ser muito clara, tenho certeza. Mas não houve perguntas indiscretas. Aconselharam-me, mas a decisão é minha. Não perguntaram o porquê, mas do que eu precisava. E isso é o que vale.

O café é como o abraço. Envolve-nos, aproxima os corações, é a troca de energia que nos equilibra.


                                                                                                                      Eunice Alonso

17 comentários:

  1. E por tantos motivos que tenho uma felicidade enorme em ter tido o previlegio de ter vc como minha professora ou melhor como um exemplo de pessoa. Agradeço por tantos cafes... obrigada bjos

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  2. Excelente texto, Mãe!!! Deu até vontade de tomar um cafezinho com você!!!

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  3. Pois é....cafés e cafés e assim a vida segue. É sempre muito bom ter o prazer de contar com bons amigos e muitos cafés. E por falar nisso: aceita um café?

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  4. Quanta honra, fazer parte deste café!!! Lindíssimo, amiga!!! Parabéns!!!

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  5. Que alegria!!! Cheguei a sentir o sabor do café que desejo tomar com você, quando puder. Sinta o meu abraço e a minha admiração.
    Marcia Ap.G. de Carvalho.

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  6. Ah, e eu perco tudo isso?...Preciso parar para tomar um café com vocês!

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    1. Você é sempre muito bem vinda querida! É só você resolver! Beijos.

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  7. Como você escreveu: "Às vezes, alguém necessita excepcionalmente de um café."
    Precisei, e você me ouviu falar de meus sonhos, me aconselhou, e me ensinou a persegui-los. Obrigada. Gil

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    1. Gil, uma das boas coisas da vida é ter amigos com os quais possamos partilhar momentos de nossas vidas. Beijos.

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  8. Esse café deve ser delicioso com sabor de ótimas amizades e companheirismo. Parabéns pelo café!

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