domingo, 29 de junho de 2014

Orquídeas


Orquídeas


Domingo de  manhã, abri a  porta  da sala de estar e  fui surpreendia  por um cacho de  orquídeas .

Elas  surgiram, para mim, inesperadamente,  exuberantes, mas delicadas, em pleno  domingo chuvoso.  Às vezes,  os professores  não  trabalham aos domingos.

Eu que não sou adepta a fotografar, não me contive. 

Olhei para o jardim. E elas pareceram-me mais belas ainda, a  me presentearem  com suas flores ... a embelezar aquele lugar.  Como são lindas, livres por saberem que suas flores têm apenas alguns dias  de vida, exibem-nas  para o mundo sem esperar absolutamente nada em troca.

Não nasceram ali. Depositei-as nos braços daquelas palmeiras há algum tempo, eram pequenas mudas, reguei-as, tirei-lhes as folhas secas.  Alimentei-as, ouvi seus lamentos a respeito do sol escaldante da nossa região e admirei-as, mesmo quando ainda não produziam flores.  Convivemos, nos  conhecemos  e  nos apaixonamos.

Hoje elas iluminaram ainda mais o meu dia, porém de forma diferente: floresceram  com todo o seu vigor ... usufruindo de toda a beleza daquele conjunto para serem ainda mais notadas.

No início da tarde, o  céu escureceu. A chuva  chegou. Elas se refrescaram, bailaram nas alturas com o vento  e quando o sol ressurgiu se mantiveram lindas, cheias de vida. Insuportavelmente invejáveis.  Sabem que são únicas e fazem toda a diferença para o mundo. E eu tenho a certeza de  que não seria a mesma sem elas.

Assim são os amigos.  Assim vejo  vocês , meus amigos!

                                                            Eunice Alonso       






quinta-feira, 19 de junho de 2014

O Café


O Café


Um café suíço e três mini pães de queijo. É sempre o meu pedido. Uma combinação perfeita.  A mistura de cheiros na cafeteria é algo que me intriga e me acorda.

Antes de entrar,  olho pela vitrine e as vejo sentadas entre tantos outros. Nunca sou a primeira a chegar.  Cumprimentamo-nos como se não nos víssemos há dias.  É no café que celebramos a vida, a amizade, o laço que nos une.

O café é um momento terapêutico. No café conversamos sobre sonhos, conquistas, amores, desamores, perdas, enganos.  Ouvimos, falamos, deliberamos, acordamos, aconselhamos. É  consenso entre nós: ou tomamos café ou pagamos terapeuta. Tomamos café. Muitos cafés.

É comum dividirmos, em meio a tanta gente desconhecida, em uma mesinha, as nossas maiores angústias,  muitos dos nossos segredos, as nossas alegrias. É como se estivéssemos em um campo neutro. Às vezes alguém é pego as gargalhadas, e então nos lembramos de que estamos ali.

Quem se aventura a sentar-se à mesa, em poucos minutos é capaz de contar, olhando em nossos olhos a sua maior aventura ou desventura.  Já ouvi relatos impressionantes.  Também falamos sobre negócios, trabalho, estudos, inclusive viagens em busca de pessoas com as quais nunca estivemos antes.

Foi neste lugar que comemorei muitas conquistas. No café brindei, em meados deste ano,  o início da realização de um dos meus projetos materiais mais antigos. Aproximamos nossas xícaras e foi emocionante ver a alegria do grupo.

Mesmo quando fico impedida de estar no café, sei que estão juntos e que se lembram de mim.  Orgulho-me de,  apesar da minha inexperiência e vontade de  viver em uma única vida o que deveria viver em duas, ou três,  me ouvirem e considerarem minhas colocações.

Às vezes, alguém necessita excepcionalmente de um café. Na semana passada solicitei um. O meu primeiro. Um mate gelado, pois foi no final da tarde.  Falei durante mais de uma hora. Sem ser muito clara, tenho certeza. Mas não houve perguntas indiscretas. Aconselharam-me, mas a decisão é minha. Não perguntaram o porquê, mas do que eu precisava. E isso é o que vale.

O café é como o abraço. Envolve-nos, aproxima os corações, é a troca de energia que nos equilibra.


                                                                                                                      Eunice Alonso